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domingo, 19 de outubro de 2014

O peso que não era meu

VII - Do pseudo alívio, que não pode ser pesado na balança

O alívio fez morada em meu coração, e percebi que ele não consiste no quê eu coloco pra dentro, e sim no quê escolhi deixar de fora. Falo por mim quando afirmo que estou bem melhor agora, parei de tentar entender as pessoas e deixei pra lá, deixei ir, abandonei o que não valia a pena.

Minha arma foi o silêncio. E nele coube o mais alto grito que eu poderia dar. Foi como se eu sentisse minha alma liberta. Tenho de volta, só pra mim, meu amor incompreendido, negado, rejeitado, humilhado. Uma hora, creio eu, as pessoas vão cansar de fazer meus sentimentos se cansar. Tanta gente já desistiu, sem ao menos tentar. Porque não deve estar demodê -assim como essa palavra- ser romântica à moda antiga. É proibido se preocupar. Percebi há tempos que é esse egoísmo que empodrece o coração. 

Me livrei de um ser, de uma simplicidade mascarada, um desejo infindável de vingança, como se fosse uma 'inocência' camuflada de malandragem. E resolveu, de uma hora pra outra, não me amar mais e pronto? Isso é querer saciar a sede do próprio ego, mesmo que isso implique em passar por cima dos sentimentos, achar que estar magoando o outro e mentir, sobretudo, para si mesmo. Tudo isso pra quê? Pra se sentir melhor? Superior? Machão? De uma linhagem humana acima das outras? 

Uma vez li em algum lugar que nunca devemos ter medo de parecer que estamos por baixo, pois alguns tesouros não podem ser vistos da superfície.

O abraço que pra mim era como um abrigo, se transformou numa jaula. Teu olhar já não me preenchia o vazio. As palavras se perdiam em sarcasmo. Eu procurei a resposta em todos os lugares. Já não me adiantariam os livros de autoajuda.

Você me disse para procurar um psiquiatra ao invés do centro espírita. Mal podes compreender que o que denominas de meu mal, não é deste mundo. Eu devo é ser mesmo Amostra grátis de remédio pra gente doida, por isso que atraí você.

Porque o meu problema é a sobra, é o muito, é o pouco. É o tecido adiposo. É o cabelo preto demais. Ou o óculos grosso demais. É pobre demais.
Ou seriam desculpas demais?
Há cada vez mais espaço. E eu já não cabia naquele aperto, estou adorando me esticar todinha.
Só precisei parar de pedir e deixar o pé ir.

Todos os dias vivo me preparando para uma nova 'luta', muitas vezes mais internas, às vezes perco (na maioria delas...), às vezes triunfo. Mas quem não tem coragem, vive de desculpas. Eu vivo esperando poder viver num mundo onde as coisas possam se encaixar em seu devido lugar.

Mas eu ainda tenho um órgão que pulsa, um órgão que ama. Eu ainda posso amar, eu ainda vou amar. Como bem disse Drummond: "eu tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo". Dentro de mim é uma eterna tempestade que parece nunca ter fim.

No fundo eu já sabia, que novamente isso ia acontecer. 

Só me resta apenas escrever, escrever, escrever. Lamentos de romance que nunca existiu. Só queria saber qualé o caminho do meu destino.




















terça-feira, 9 de setembro de 2014

Auto-retrato da pertubação

VI- Capítulo Sexto: Do blá-blá-blá de sempre

Só queria amar além da conta e sentir a reciprocidade disso. 

Uma vida baseada em me fazer de forte, vestir uma armadura que já nem cabe em mim e tentar sentir por mim, você, por todo mundo. Feliz ou fingir ser? Como se houvessem orgasmos em cada gesto ou olhar que espero ansiosamente desde sempre e para sempre. Uma pessoa simples e com gostos complexos.

Posso ser um espírito errante, mas há poesia inserida nesse histórico ser tão carente. Preciso que alguém precise de mim. Preciso te fazer bem. Preciso sentir que faço a mínima diferença em ser e estar.

Sinto que minha alma veio mutilada. Tem um oco, um vazio por dentro que nunca se preenche, uma necessidade infindável de mudar essa realidade. Esse oco se faz cada vez mais presente. Cá estou, com meus óculos fundo de garrafa, pijamas, com cara de ontem, cabelo e  em excessivo tecido adiposo.

Porque sim. Eu sinto falta de alguém pra conversar e rir das minhas bobeiras, rir meu riso, chorar minha lágrima, se embebedar numas histórias sem pé nem cabeça nem fim. Alguém para me abraçar o mundo. Há aquele aperto no peito, uma solidão

Tudo anda tão superficial. Ou será que esses lances que perambulam minha mente não passam de utopia? Quando você se sente na lateral do campo sentimental, não faz tanta diferença assim, é um tipo tão sei lá, se der certo, talvez. 

Isso não era o que sonharam pra mim. Quiçá eu prefira não acordar ao sonhar, o meu sonho.

Volta e meia preciso voltar e dar corda naquele judiado coração clichê, coisas que sempre vêm à tona e eu insisto em deixar pra trás. Ainda guardo os meus clichês para um outro alguém [...]

Não seria nada mal se o alívio resolvesse fazer morada em meu coração. 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O casamento da felicidade com a simplicidade faz um ''final feliz''


V- Capítulo Quinto
Do sentido real do amor e felicidade

Aquela menininha de negros cabelos e óculos fundo de garrafa, sonhava em ser cientista, veterinária, escritora, astronauta, pintora, jornalista da Abril, chef de cozinha, secretária executiva de uma grande empresa. Tinha apenas 9 anos e os sonhos de um mundo todo na cabeça. Era aquela pequenina sonhadora, que pensava alto, que morava em São Paulo num bairro da Zona Leste, típico classe média. Às vezes, a menininha, que agora é mulher, fecha os olhos e consegue enxergar o metrô, sentir o ''cheiro'' da poluição e a garoa fina na cabeça. Tardes cinzentas de outono que jamais lhe fugirão à memória.

Cresceu garota solitária numa cidade pequena, perdida em teu mapa: Urânia. Chegou aos 9 anos e meio e agora partem aos 23 e meio. E agora, ao abrir os olhos sente o ''cheirinho'' da terra molhada, ouve os pássaros anunciando o novo dia, as araras pintando o céu com suas cores exóticas, ar puro! Vida sossegada, cidade boa para se viver. Ahh! como aprendera amar, ao longo do tempo, esse lugar.

Não gosta de lembrar-se da ingenuidade da adolescência, e de todos aqueles sofrimentos que foram até desnecessários; mas que percebe agora os porquês de tudo aquilo. Foi um despertar para a realidade, que muitas vezes é tão cruel. Ilusões e desilusões, sonhos e pesadelos, casos e descasos.

Depois de tantos percalços emocionais, voltou a sonhar. Sonhos reais e palpáveis. Uma pessoa com quem compartilhá-los. 

Aquela mocinha que sonhava com um futuro de sucesso e glamour, casamento de capa de revista 'metida a besta de interior', mansão, príncipe encantado, um belo emprego com um salário bem gordo...estudos no exterior... A realidade às vezes chega a ser cruel, e faz que os pés alcancem o chão. 

E percebe, também, o quão vazio era tudo aquilo. Quando tudo parecia tão sem graça, tão vazio e sem sentido, apareceu-lhe o tal príncipe (talvez desencantado, para as fábulas) mas encantado para os sonhos de Natália Beatriz.

Aquela Natália que lutou por sua saúde, que chorou por amores, que matou os leões diários, que trabalhou pela família, que descobriu o mundo por seus 'dons'. Aquela verdadeira menininha de castanhos olhos fora aceita, amada, abraçada, em todo sentido que essas palavras possam agregar.

Às vezes nota o quanto seu provável futuro será tão diferente do que outrora julgava ser o futuro ''perfeito''(que nem era lá tão perfeito assim). E se sente tão feliz e completa com isso que nem se surpreende, apenas agradece à Deus pela oportunidade de desfrutar da verdadeira felicidade, baseada no amor, estruturada pela fé e regada pelo verdadeiro significado de: VIDA. 

E se sente feliz por isso. E nem se surpreende.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Embrulho daquele judiado coração clichê

IV- Capítulo Quarto
Daqueles rascunhos preto&branco que foram coloridos pela aquarela dos céus


A fé de que o recomeço é uma constante na vida. Aquele desejo de se sentir sempre bem e plena toma conta de mim. Não tenho necessidade de gritar ao mundo e provar a todo custo que assim me sinto; estou bem comigo mesma. E devagar, sinto que as flores da minha vida vão desabrochar.

Quantas vezes eu não preguei para mim mesma que não iria mais me apegar. Que não iria mais dar carinho à alguém, ou ficar falando coisas bonitas que eu vejo e sinto. Mas ainda continuo sendo a mesma boba-romântica-apaixonada. Não sei ser desapegada.

Estou aproveitando, mais do que nunca, curtindo cada descoberta, cada momento em comum. Encarando cada dia como um novo desafio à ser vencido... e assim, amansando os leões rotineiros. Meu único "problema" é que encontrei em ti, dono de verdes olhos, um sentido pra continuar. Um sentido para vencer minhas batalhas diárias (às vezes mais internas). E agradeço todos os dias à Deus, que exista alguém assim como eu no mundo.

Resolvi encobrir as memórias, tapar os buracos e construir novas pontes. Tentar abrir sorrisos nos lugares que já foram ocupados pelo silêncio (que molhado!). Espirrei perfume do afeto pelo ar, para disfarçar o mofo do meu coração, que passou tanto tempo trancado. Disfarcei os traumas. Guardei o que sobra; pois nada apaga, NADA. Apenas muda as prioridades, mudam os focos. Tudo filtrado, colorido, dobrado e engavetado. Amontoei tudo num porão imaginário, bem lá no fundo. As coisas ruins, as lágrimas doídas, as palavras atravessadas. As fotos tremidas. As dores dos cortes. Só me restaram as cicatrizes, essas, que nem o tempo será capaz de apagar.

Sou eu novamente, me reerguendo, renascendo das cinzas como uma fênix. Natália Beatriz, um tipo de pessoa que nasceu pra amar. Eu sou o amor. Nunca pedi nada em troca, além da reciprocidade. Gosto do simples poder de arrancar o sorriso do rosto de alguém com um dos meus. Sou daquelas que faz disso uma das suas maiores prioridades. Toda vez que penso nele, é como se eu sofresse leves arritmias.

Sou aquela mesma menininha míope, dos negros cabelos,  que um dia se "apaixonou" por estranho rapaz que andava esquisito na Avenida Paulista. E por outro apaixonado, que sempre entrava na floricultura, em frente ao meu trabalho - anos atrás- para comprar flores para alguém. Sofro de olhares apaixonados. Gosto de botar sentimentos em tudo. Gosto de observar como isto volta e meia está escancarado nas ruas, em tempos tão insanos. Quero sempre relembrar de tudo que me fez sorrir. E relembrar daquele abraço que não mais senti.

"Qual é a tua, Natália?" E eu, obviamente responderei: (a frase mais clichê dos intrinsecamente apaixonados) "Eu gosto é de pessoas".

Foi entre amores e desamores, sabores e dissabores que conheci Dono de Verdes Olhos. De mansinho, passou a habitar meus pensamentos de forma constante. A menina que colecionava palavras, livros espíritas, selos antigos e sabores de chás. Às vezes até palavras bonitas e gestos amáveis. Gentilezas. Assim, amarrei o coração em verde fita imaginária, e entreguei à ele, de presente; sussurrando baixinho: " Tá meio usado, mas acho que ainda serve, cuida dele pra mim?".






domingo, 16 de março de 2014

Coisas exageradas, que eu sinto ou prometo

III- Capítulo Terceiro
Das promessas daquele ano novo.

Parecia que jamais chegaria. Aquele 2014 distante, ano que outrora imaginava que iria casar... As brisas frescas dos meus invernos interiores misturaram-se aos suores fluídos de meu corpo físico, como se dissolvessem tudo isso em mim. Nada saiu conforme o planejado.


Ah saudade! Das coisas inatingíveis, abraços sem braços, lágrimas sem lenço, nó angustiante na garganta. Nenhum ombro amigo. Sofro de coração oco. Despertei ao meio, a tempo, ufa! Lágrimas travessas, vez ou outra se atrevem, tímidas . A idade deixa a gente com uma carapaça dura como a das tartarugas? Oh sabedoria insana dos 23.
Passei anos à fio, temperando a (des)ilusão com o sal de minhas lágrimas, que talvez o tempo, sol e vento, tenham feito o favor de secar... E eu sequer percebi que meus ''eu te amo'' não eram daqui.

Como esquecer daqueles cadernos que escrevi? Das palavras, nem tão minhas, que pareciam flutuar na minha mente, como se fossem ouvidas repetidas vezes, das letras circunscritas à mão?

Aquela angústia esquisita e um tanto familiar, que insiste em me tomar. Sofrimento que devo carregar? Fardo herdado? Não há como esquecer tudo aquilo que eu nunca disse. Palavras que martelam minha mente, noite e dia. O silêncio chora mais alto. Dissolvo-as em suco gástrico.

Estranha solidão. Nunca saíste de mim. Cultivo-a aqui. Carência sem fim. Não tão bem acompanhada sozinha. Não fico bem sozinha. Não fico bem tão só. Mas eu insisto em pedir garantias, dos amores de hoje em dia, que, na maioria, nada têm a oferecer.

Não se deve envolver. É proibido apegar-se. Não ouse se apaixonar. Nem pense em dizer que gosta. Esqueça os ''eu te amo". De todo, talvez não... Bem de leve, eu diria... Afinal, é tudo tão começo... Estamos apenas nos conhecendo... Não preciso de mais desilusões. Já estou bem suprida com as que coleciono. Ah! piada que chamo de vida.Tudo que posso escolher é me dispor, me render às possibilidades do que for...

Um oi, bom dia. Aquele sorriso singelo. Uns enigmáticos verdes olhos. Risadas, conversas sinceras, beijos, sexo...E qual deles se perde quando se apaixona...? É proibido se apaixonar? Não é permitido? Pois tudo que é proibido não é permitido?


Talvez ainda valha a pena lutar. E é essa esperança que me mantém viva. Sou menina acesa. Talvez que não se encaixe nos padrões. Até porque nunca entendi, ou aceitei, os padrões invertidos da sociedade em matéria de amor. Às vezes ela se encontra disfarçada de nomes como tradição, moral, bons costumes. Essas coisas todas já estão demodê (assim como essa palavra).


Porque eu ainda sinto falta de quem sinta a minha falta. Desapareci, esperando que você me encontraria. Quiçá teria se perdido em um labirinto escuro. Sem nenhum indício da falta de minha existência, falhastes. Menos a solidão e a menininha chorosa da carência, que tem o tamanho exato da falta de tudo que ainda não fiz. 

Tenho medo de minha felicidade estar se confundindo com a sua presença em minha vida nos últimos tempos.

Será que sou assim tão clichê?






terça-feira, 4 de março de 2014

Porque eu continuo a creditar no amor (ou não)

II- Capítulo Segundo.
Ensaio sobre um manual de instruções.

Porque eu tenho mania de querer tudo depressa, quase que instantaneamente. Porque a gente tem sempre que andar apressada, e sempre está atrasada. E a gente sabe que precisa deixar fluir, com coração offline e a razão online. Mas eu que vivo presa no labirinto dos sentimentos, tenho anseio de me libertar das amarras da carência. Este é o recado que tenho para meu coração de alma errante.

Tudo quietinho, pelo menos por um tempinho. Mas tudo vira mesmo uma zorra. As lentes dos meus óculos estão embaçadas, caiu ketchup na minha calça, a blusinha preta já desbotou. E surgiu uma nova versão de mim?

Quanta vida cabe em cada palavra que brota de minha alma? Estou afundada em meio à minha necessidade. Às vezes desperto nas madrugadas e me encontro comigo mesma... E me lembro daquele dia que jurei pra mim mesma que não iria crescer, entretanto se fez  necessário juntar todas as amadas bonecas em uma caixa. Encontro a mim mesma, como num reflexo no espelho...vejo a mesma menina tímida de sonhos românticos...e por que ficaram tanto tempo longe? Seriam rotas migratórias?

Tenho tantos sentimentos que não cabem em mim. Talvez nem sejam todos meus. Eles pertencem à amplidão. Há alguns que às vezes penso que nunca vou me libertar. Mas eu vou levar isso até o final. E vez ou outra me levo pra passear. Me pego pensando se seria você como eu... Fico observando as estrelas, seu brilho 'pupulante', que talvez só a gente mesmo entendesse...

Porque na maioria das vezes eu só 'preciso' de um abraço, de dar um abraço e percebê-lo recíproco. Sorrisos, olhares e brincadeiras.
Por hora, fora do contexto. O convencional não me fascina. Eu acho que nunca deixei de ser quem sou. Pq mesmo forte, meus olhos ainda enchem-se de lágrimas. Me emociono com finais inacabados de filmes. Ainda consigo me apaixonar pelo brilho de verdes olhos. Talvez eu ande precisando de mais verbos e adjetivos. 

Estou filosofando, mas não deveria. Nasci brasileira e é carnaval. Só que prefiro vestir o abadá da redenção de minha alma. Porque eu sou mesmo irrevogavelmente apaixonada. Ah, porque mesmo sem querer - talvez querendo - Você me faz tão bem!

Porque tarde da noite me desnudo. Arranco lentes e maquiagem. Longos cabelos pretos e óculos quase fundo de garrafas. Esse é meu eu. Mesmo grande me sinto pequenina. Mesmo no calor me sinto protegida pelo cobertor. Ilusão. Sons que me confundem. E acho que sou mesmo um turbilhão. Que bom que não tenho mais medo de ser quem sou.








sábado, 22 de fevereiro de 2014

Motivos para (não) acreditar no amor

I - Capítulo Primeiro
Das desilusões.

Acredito que já se nasça com uma espécie de pré destino, com histórias mais ou menos predeterminadas. Somos todos dotados do livre arbítrio para fazermos o quê bem entendermos para mudarmos para melhor ou pior, em busca da nossa elevação. Eu confio veementemente nisso e luto com unhas e dentes para essa teoria se concretizar de uma vez por todas em minha vida.

No entanto acho que sofro de um mal, que às vezes chamo carinhosamente de dedo podre, uma espécie de "síndrome do azar infinito" que insiste em me perseguir. Tenho algumas suspeitas de que sofro de uma doença sem cura, a impressão de que não se trata apenas de azar ou da lei do retorno. Talvez tenham feito macumba, trabalho, uma amarração inversa. Talvez quebraram o Santo Antônio da minha vida. Talvez eu tenha vindo mesmo pra ser a titia. Não...É mais, muito mais.

Na adolescência o sofrimento de uma paixão platônica, no estilo "A Dama e o Vagabundo", às vezes acho que uma espécie de carma que vou carregar por toda vida, já que volta e meia alguém vem e joga a areia ressequida dessa má passagem de volta em meus olhos. E que menina no auge de sua rebeldia pueril não teve lá seu namoradinho? Uma paixonite doentia? Uma loucurinha?

A brisa vem e vai. Chegam ventos. Ventanias. Vendavais. Tufões e furacões.

Se o primeiro namorado, noivo, que quase se tornou marido num auge de loucura por cerca dos 17 anos, não passava de um malandro mentiroso, um sujeitinho com conflitos de personalidade, metido à playboy?

O segundo, um doido varrido,marmanjo mais mentiroso que o primeiro, malandro de alto nível, totalmente adaptável com um humor um tanto questionável, de uns lances não lícitos?

O terceiro um psicopata da rede, se dizia loucamente apaixonado, fotos e mais fotos, créditos no celular. Um homem cuja existência custo acreditar. Uma tatuagem infinitamente em meu corpo para essa loucura marcar. Dois anos de um universo paralelo, um mundo construído para meu namoro imaginário.

O de número quatro, deve estar mesmo "de quatro", talvez ainda confuso, afundado e suas neuróticas teorias. Prefiro chamar de: livramento.

O quinto e último namorado oficial. Aquele que queria de presente seu nome e sobrenome, que daria tudo e mais um pouco para ver sua felicidade estampada na minha. Mas talvez não me merecesse mesmo. Talvez a sabedoria materna tenha dado razões suficientes para tanto.

Não dá pra culpar a falta de sorte. Não se trata apenas de azar. É mais, muito mais.

Pouco mais de dois anos de incontáveis casos e acasos. 'Essazinha' com certeza não sabe escolher. Como diriam: "essa aí só escolhe rabo de foguete"; "curva de rio"; "é só mais uma sinuca de bica" e por aí vai... Claro, certamente eu não sei escolher.

Continuo sendo essa coitadinha, que às vezes encontra companhia, talvez por dó? Mas a responsabilidade é só minha, não do destino. Ah! o destino... Suspeito que por trás de cada escolha equivocada está minha alma carente, de uma carência vindoura de outras existências. Uma carência que me suga e me mata pouco a pouco. Obviamente quem precisa, quer e gosta de atenção dos outros não consegue subjulgar ninguém direito. Vai lá e agarra o primeiro que passa, do qual ela cai na conversa que cai como 'luva' aos ouvidos, que se apega e por fim se apaixona por qualquer um. Talvez falte critério. Talvez gente assim seja vulnerável demais. É uma presa fácil, que cai em truques, desmandos e caprichos de outrem.

Em meio à esse turbilhão vem aquele velho problema da autoestima, ou melhor, a falta dela. Quem verdadeiramente gosta de si mesmo, o tempo todo, sozinho? Quem gosta de si mesmo procura por gente que lhe faz bem, quem gosta de si mesmo procura pela companhia de uma pessoa especial, porque sente que merece. Quem não se gosta que faz tudo ao contrário, fatia o coração das pessoas em pedaços, tempera com sal grosso e devora como petisco para cerveja.

Digam-me por favor! Deixem-me claro: A escolha é mesmo fácil? Se trata mesmo de uma escolha?
Sobretudo no mundo em que a gente vive. Mas a vida nos oferece termos de garantia contra enganos? Parceiros com notas fiscais e direito à troca por defeito? Nos dá alguma inteligência para percebermos que trocamos o 6 por meia dúzia? E o ciclo, assim, torna a se repetir...

"Aqui se faz, aqui se paga"; Prega a lei do retorno... Mas no meu caso minhas dívidas continuam todas vencidas? Estaria eu pagando ainda apenas pelos juros? Quem foi que desatou o nó do amor de minha vida? Será que algum dia tive mesmo um laço... Queria muito entender...



Às vezes acho que o amor vai entrar na minha vida no mesmo dia que tiver criando unicórnios em minha fazenda. Sei lá, acho que hoje acordei num sábado propício pra deixar de ser besta.


Tenho me vestido apenas por esperança, desnudei a alma e fiz dela a essência de meu ser. E quer saber? Cansei. 







 





terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Apenas uma dose

Como se existisse uma dose, que fosse injetada em minha veia como uma injeção, de efeito imediato e instantâneo, sem efeitos colaterais e cem por cento confiável. Em tempos modernos que vivemos, já  não se pode (ou não se deve) confiar em mais nada nem ninguém, fico pairando sob minhas ideias e pensamentos, esperando encontrar uma espécie de cura para meu mal.


Como quem viaja, varo horas passeando em minhas lembranças. Hipnotizada com as possibilidades que minha mente insiste em criar e me fazer acreditar. Será que posso crer na serenidade que aqueles verdes olhos cor-de -esperança me transmitem?


Pensar demais estraga. Não quero ficar a mercê de viver de ilusões, nem me contentar com migalhas. Às vezes penso que sou merecedora do fardo, que penso eu, ter trazido como débito retrógrado. Espero que meus ombros se façam fortes o suficiente, que eu angarie méritos para não ter de passar por tanto. Que eu possa manter acesa a chama da esperança, que possa acreditar que a mais branda faísca possa se tornar um incêndio. 

sábado, 18 de janeiro de 2014

Entre sopros e vendavais

E chega aquele momento que a única coisa que se faz é refletir sobre as coisas. Estou vivendo um dia de cada vez, seguindo o tal do carpe diem. Entretanto nos em tantos é quase inevitável não pensar no dia de amanhã. Cruel perceber que meus sonhos estão distantes. Parece que tem uma neblina encobrindo tudo quê eu planejei...

E não é que a vida é mesmo uma 'paiacinha', às vezes nada engraçada. Tenho um pouco de entendimento para começar a aceitar as provações, mas tenho ciência de que muito ainda me falta.

Não se pode viver mascarando os problemas, como se usasse remédios de alívio imediato, que na verdade, nada curam. Tento ler as bulas da vida , mas as letras parecem estar todas trocadas. Às vezes, na maioria das vezes, acho que o problema está em mim. Tem horas que não sei o que fazer e nem o que está acontecendo. Parece estar tudo escuro. Então venho aqui ou ali, e transformo tudo isso em palavras. Até perceber que o meu problema é querer encontrar sentido nas coisas - ou pessoas.

Uma vida de castelo de cartas. Um sopro apenas. Às vezes vendavais. E de novo, e de novo e de novo. Reerguendo novos castelos e esperando os sopros serem mais brandos.