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domingo, 16 de março de 2014

Coisas exageradas, que eu sinto ou prometo

III- Capítulo Terceiro
Das promessas daquele ano novo.

Parecia que jamais chegaria. Aquele 2014 distante, ano que outrora imaginava que iria casar... As brisas frescas dos meus invernos interiores misturaram-se aos suores fluídos de meu corpo físico, como se dissolvessem tudo isso em mim. Nada saiu conforme o planejado.


Ah saudade! Das coisas inatingíveis, abraços sem braços, lágrimas sem lenço, nó angustiante na garganta. Nenhum ombro amigo. Sofro de coração oco. Despertei ao meio, a tempo, ufa! Lágrimas travessas, vez ou outra se atrevem, tímidas . A idade deixa a gente com uma carapaça dura como a das tartarugas? Oh sabedoria insana dos 23.
Passei anos à fio, temperando a (des)ilusão com o sal de minhas lágrimas, que talvez o tempo, sol e vento, tenham feito o favor de secar... E eu sequer percebi que meus ''eu te amo'' não eram daqui.

Como esquecer daqueles cadernos que escrevi? Das palavras, nem tão minhas, que pareciam flutuar na minha mente, como se fossem ouvidas repetidas vezes, das letras circunscritas à mão?

Aquela angústia esquisita e um tanto familiar, que insiste em me tomar. Sofrimento que devo carregar? Fardo herdado? Não há como esquecer tudo aquilo que eu nunca disse. Palavras que martelam minha mente, noite e dia. O silêncio chora mais alto. Dissolvo-as em suco gástrico.

Estranha solidão. Nunca saíste de mim. Cultivo-a aqui. Carência sem fim. Não tão bem acompanhada sozinha. Não fico bem sozinha. Não fico bem tão só. Mas eu insisto em pedir garantias, dos amores de hoje em dia, que, na maioria, nada têm a oferecer.

Não se deve envolver. É proibido apegar-se. Não ouse se apaixonar. Nem pense em dizer que gosta. Esqueça os ''eu te amo". De todo, talvez não... Bem de leve, eu diria... Afinal, é tudo tão começo... Estamos apenas nos conhecendo... Não preciso de mais desilusões. Já estou bem suprida com as que coleciono. Ah! piada que chamo de vida.Tudo que posso escolher é me dispor, me render às possibilidades do que for...

Um oi, bom dia. Aquele sorriso singelo. Uns enigmáticos verdes olhos. Risadas, conversas sinceras, beijos, sexo...E qual deles se perde quando se apaixona...? É proibido se apaixonar? Não é permitido? Pois tudo que é proibido não é permitido?


Talvez ainda valha a pena lutar. E é essa esperança que me mantém viva. Sou menina acesa. Talvez que não se encaixe nos padrões. Até porque nunca entendi, ou aceitei, os padrões invertidos da sociedade em matéria de amor. Às vezes ela se encontra disfarçada de nomes como tradição, moral, bons costumes. Essas coisas todas já estão demodê (assim como essa palavra).


Porque eu ainda sinto falta de quem sinta a minha falta. Desapareci, esperando que você me encontraria. Quiçá teria se perdido em um labirinto escuro. Sem nenhum indício da falta de minha existência, falhastes. Menos a solidão e a menininha chorosa da carência, que tem o tamanho exato da falta de tudo que ainda não fiz. 

Tenho medo de minha felicidade estar se confundindo com a sua presença em minha vida nos últimos tempos.

Será que sou assim tão clichê?






terça-feira, 4 de março de 2014

Porque eu continuo a creditar no amor (ou não)

II- Capítulo Segundo.
Ensaio sobre um manual de instruções.

Porque eu tenho mania de querer tudo depressa, quase que instantaneamente. Porque a gente tem sempre que andar apressada, e sempre está atrasada. E a gente sabe que precisa deixar fluir, com coração offline e a razão online. Mas eu que vivo presa no labirinto dos sentimentos, tenho anseio de me libertar das amarras da carência. Este é o recado que tenho para meu coração de alma errante.

Tudo quietinho, pelo menos por um tempinho. Mas tudo vira mesmo uma zorra. As lentes dos meus óculos estão embaçadas, caiu ketchup na minha calça, a blusinha preta já desbotou. E surgiu uma nova versão de mim?

Quanta vida cabe em cada palavra que brota de minha alma? Estou afundada em meio à minha necessidade. Às vezes desperto nas madrugadas e me encontro comigo mesma... E me lembro daquele dia que jurei pra mim mesma que não iria crescer, entretanto se fez  necessário juntar todas as amadas bonecas em uma caixa. Encontro a mim mesma, como num reflexo no espelho...vejo a mesma menina tímida de sonhos românticos...e por que ficaram tanto tempo longe? Seriam rotas migratórias?

Tenho tantos sentimentos que não cabem em mim. Talvez nem sejam todos meus. Eles pertencem à amplidão. Há alguns que às vezes penso que nunca vou me libertar. Mas eu vou levar isso até o final. E vez ou outra me levo pra passear. Me pego pensando se seria você como eu... Fico observando as estrelas, seu brilho 'pupulante', que talvez só a gente mesmo entendesse...

Porque na maioria das vezes eu só 'preciso' de um abraço, de dar um abraço e percebê-lo recíproco. Sorrisos, olhares e brincadeiras.
Por hora, fora do contexto. O convencional não me fascina. Eu acho que nunca deixei de ser quem sou. Pq mesmo forte, meus olhos ainda enchem-se de lágrimas. Me emociono com finais inacabados de filmes. Ainda consigo me apaixonar pelo brilho de verdes olhos. Talvez eu ande precisando de mais verbos e adjetivos. 

Estou filosofando, mas não deveria. Nasci brasileira e é carnaval. Só que prefiro vestir o abadá da redenção de minha alma. Porque eu sou mesmo irrevogavelmente apaixonada. Ah, porque mesmo sem querer - talvez querendo - Você me faz tão bem!

Porque tarde da noite me desnudo. Arranco lentes e maquiagem. Longos cabelos pretos e óculos quase fundo de garrafas. Esse é meu eu. Mesmo grande me sinto pequenina. Mesmo no calor me sinto protegida pelo cobertor. Ilusão. Sons que me confundem. E acho que sou mesmo um turbilhão. Que bom que não tenho mais medo de ser quem sou.