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segunda-feira, 25 de maio de 2015

IX - Capítulo Nono: Do caos que habita o íntimo do ser
Moço, isso (não) é um muro das lamentações

É tanto sentimento que preciso logo sair escrevendo. Pôr pra fora o que às vezes chega a me corroer por dentro. Chego a morrer e renascer cerca de dez vezes por dia. Sinto o néctar da vida percorrer por minhas entranhas. Respiro. Suspiro. Olhos cerrados.

Aos poucos a vida vai se refazendo, como um retalho remendado em uma grande colcha, ora aconchegante, ora asfixiante. Queria sair escrevendo por aí, sobre os dessabores dessa existência, deixar por todos os lugares que não, isso tudo não é em vão! Ah, não pode ser só isso.

Depois do final, ficamos meio perdidos no recomeço. Como se somente o futuro ou resquícios do passado fossem as causas da dor. O dia vai começar de novo, com aquela brisa gélida vindo das direções do Rio Correntes. E vai anoitecer antes das seis, porque é outono, e eu gosto do outono.

Sob a viseira do capacete a vida se transcorre aos olhos. A melhor fotografia que alguém poderia enxergar. Vejo as essências das almas que passam por mim.


São histórias que se repetem, repetem e repetem mentalmente. Está ali me cutucando. Como se fossem cenas de filmes, só que com o enredo de minha vida. Vai-e-volta. Talvez eu tenha passado mais tempo sozinha com meus pensamentos, com o meu computador, mas sozinha. Sozinhas às vezes com pessoas ao redor, mas que não se tem intimidade o suficiente para poder contar do dia corrido. 

Mudei. E não só de cidade que eu vivi desde criança... Talvez as coisas tenham ficado pequenas para mim e meus sonhos. Não nos cabe mais. Fico a procurar palavras, mas nem elas são suficientes. Vai além, muito além. Além do meu ser; de todos os seres e dessa estratosfera! 

Sinto meu coração num espeto. Com isso vou praticando o desapego. Meu coração não é disso aqui. Vai além de mim, mais que à mim...