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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Tá estranho, mas tô de pé

XI - Como numa carta de despedida, insiro aqui o meu clichê
Porque era, já não é faz tempo...

Escrevo, porque não sei o que fazer com o que penso. Parecem escritas em braile para quem enxerga.
Eu sinto muito, eu penso demais, eu falo muito. Eu sempre falho. Eu dificilmente me contenho.
Escrever. Apenas escrever. Pois não tem remédio melhor que escrever quando se está transbordando sentimentos.

Ao pestanejar já era setembro. Tão esperado setembro. Outubro, novembro e já se achega dezembro...
Que as lágrimas sequem, porque para sobreviver, mesmo triste, cansada, desiludida, é preciso sorrir. Mesmo que tudo pareça desmoronar.

E logo alguém vai te cutucar, naquela tua ferida quase cicatrizada, sem sutura. Cadê o namorado?
E vou sussurrar: "Estou solteira". E logo haverão segundos constrangedores, seguida de uma cara de: "coitada, essa aí ficou pra titia". Quando eu acho, que, na verdade a pessoa deveria me dar os parabéns. Perceber que não estou com uma doença grave e que este não é meu objetivo primordial da vida. Não sou alguém que precisa de ajuda. Estou solteira por opção, e vou mudar isso quando Eu estiver afim. E olha que posso escrever com conhecimento de causa, já que constam no meu curriculum amoroso as mais diversas situações. E de verdade, eu tô muito bem assim. Até melhor que antes.

A pior solidão é aquela que se sente quando se está com alguém. Não por amor, ou paixão, mas por conveniência...afim de ter apenas uma companhia, para se encaixar na sociedade, para se sentir menos esquisita. Nada como viver sem aquela angústia amarrada na garganta.

E haverá o dia que hei de encontrar alguém que seja maior que tudo isso. Um alguém que será capaz de apagar toda neblina que carrego no olhar. Ou apenas um alguém que consiga me acompanhar. O que espero é bem diferente de tudo que já vivi. Só me fará sentido estar com alguém que me faça mais feliz do que eu já sou. E quando esse alguém chegar será bem especial. E até lá já estarei preparada para recebê-lo.
E se ele não chegar?
Se ele não vier tudo bem também. Não vai ser o primeiro 'bolo' da minha vida, nem o último. E Deus sabe o que faz. Não vou mais me deixar levar por pressão alheia. Só pra namorar pra dizer que namora. Casar pra carregar uma aliança que estampa "sou casada". Pra postar fotos diariamente, com a felicidade estampada e um textão romântico copiado do Google. Não. Não mais. Pra mim não.

Me deixe aqui bem quietinha com a minha vida. Eu não preciso viver essa frustração. Não mesmo. A verdade é que muitas vezes só você mesmo é capaz de preencher o oco que habita-lhe o ser.

O meu tempo é outro.
Tenho tanto com o quê me preocupar, que se o alguém tiver que chegar vai ter que ser no portão de casa ao sol do meio-dia. Agora pra mim é assim. Eu cansei de morrer sozinha.

Eu sou muito mais que uma menininha de vinte e poucos anos. Não sou mais aquela universitária bêbada, como muitos já me rotularam. Não sou mais recém-formada. Não nasci em berço de ouro, nem ao menos filhinha de papai.
Ando lutando muito pelo o que é meu. É o suor do meu rosto que sustenta minha família. É meu esforço. É uma luta diária com a sombra do pânico. É uma batalha íntima do meu ser. Eu não posso titubear. Não tenho esse direito.
E dessa forma vou vencendo diariamente meu pior inimigo, o Medo. Porque o medo, assim como a dor e outras infinidades de sensações, só quer ser sentido.

E o meu sonho é viajar. Sonho de conhecer a Torre Eiffel antes que a maldade humana a faça pó. 
Foi sonhando assim que me tornei uma marmanja tatuada, de 24 anos, com diploma de jornalista,  e acabei aqui: trabalhando em uma rádio. 

Com o tempo você vai percebendo que a maioria das pessoas à volta são como cobras, que te sugam a vitalidade, te injetam o veneno e ainda comem teus sonhos.

É assim que estampo um rosto de sair pra trabalhar. Em minha solidão firmo o passo. E sendo forte me fazendo de forte. Morrendo e nascendo um pouco à cada dia.


Como sempre espero que as últimas moedas e trocados se multipliquem pela carteira inteira.